“…os ímpios comentam entre si: “Nossa vida é curta e entediante, e para a morte não há remédio; tampouco se conhece alguém que tenha voltado do túmulo.
Nascemos por acaso, e depois seremos como se nunca tivéssemos existido, pois nossa respiração é qual fumaça, e uma faísca nos faz pulsar o coração.
Quando a faísca se apaga, o corpo se transforma em cinza e o espírito se espalha como o ar sem consistência, e o nosso nome fica esquecido e se dissipa como a neblina expulsa pelos raios do sol e dissolvida pelo seu calor.
Somos uma sombra que passa, e depois de nosso fim não há retorno: homem algum haverá de retornar.
Portanto, vamos gozar o que há de bom no presente e usar as criaturas com ardor juvenil.
Vamos embriagar-nos com vinhos caros e perfumes, dancemos nos jardins e não deixemos que a flor da primavera nos escape.
Vamos coroar-nos com botões de rosa antes que murchem e que nenhum de nós fique fora de nossas orgias, deixemos por toda parte sinais de nossa alegria, porque essa é a nossa sorte e nosso destino.”
A Sabedoria de Salomão (2, 1-9)
Publicado em: 21/12/10
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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